segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

O primeiro amor

Costumam dizer que não há amor como o primeiro. Que não há amores como os do passado. Quando essas pessoas reaparecem na nossa vida, tudo treme. Pomos tudo em causa.
Vem isto a propósito do meu primeiro amor. Hoje, passados mais de dez anos, acho que o meu primeiro amor definiu muito a forma como lidava e ainda lido com miúdas sempre que me interesso por alguém. Resumindo e concluindo: o meu primeiro amor foi uma merda.
Ela chamava-se Sandra (penso que ainda se chama). Uma morena magrinha de sorriso fácil. Morava na Amora, filha única de um senhor metido nos negócios de confeitarias. Fazia anos a 31 de Agosto. Signo Virgem. Nunca me esqueci disso.
Apaixonei-me pela Sandra com 15 anos, andava eu no 9.º ano. Foi numa ida ao cinema com muita gente. No auge do meu excesso de peso, vesti uma camisa e lá fui todo pimpão. A partir daqui começaram as figuras tristes. Minha nossa, era tão tanso. Escrevia-lhe postais, enviava mensagens anónimas românticas para o telemóvel, chegava a esperar horas na paragem do autocarro à espera do 113, o que vinha de Paio Pires. E, assim que ela descia, os meus olhos brilhavam. Numa tarde, andava com um amigo à procura de um postal para lhe oferecer. Azar dos azares, acabei por a encontrar na rua. Fiquei tão eufórico que me pus aos saltos na via pública a gritar "É ela! É ela!". Ainda hoje sou gozado. Com tanta merda que fiz... consegui afastá-la. Ficou-me com uma aversão. Recordo-me quando recusou ir ao cinema comigo alegando que "tinha natação".
Quis o destino que nos juntássemos na mesma turma, no 12.º ano. Foi a pior coisa que me fizeram. Como sou todo romântico e daqueles desesperados que sofre imenso, as minhas notas desceram imenso. Não consegui entrar numa faculdade de Lisboa por causa dela. Foi nesta altura que ela conheceu o primeiro namorado, um traste de alcunha "Belém", com um problema de prisão de ventre, como o próprio assumia. Recordo-me de estarmos na viagem de finalistas, em Palma de Maiorca, e de ver a Sandra chorar com saudades dele, enquanto ele copulava furiosamente com uma gaja qualquer durante a ausência dela. A Sandra faltava às aulas de Sociologia para acasalar com o "Belém". Perdeu a virgindade. Ele era tão boa pessoa que contou tudo aos amigos, incluindo o tamanho invulgar da vulva dela.
Fiquei doido quando ela me convidou para irmos juntos ao baile de Finalistas. Ainda por cima na noite do meu aniversário. Eu sabia que era a última escolha, mas que se fodesse. Eu gostava mesmo daquela gaja. Vesti um fatinho todo catita, comprei um ramo de rosas vermelhas e lá fui buscá-la a casa como nos filmes. Ela estava linda, de vestido cinzento, boa todos os dias. O baile foi uma merda. A nossa dança durou dez segundos, os suficientes para pisa-la duas vezes. Aproveitou o ex-namorado para me mostrar como se faz. Não se largaram o resto da noite, enquanto eu não tinha outra solução que não fosse beber. Às cinco da manhã, a Sandra saiu com ele e nem de despediu de mim. Cabra.
A última vez que vi a Sandra foi há coisa de dois anos, num centro comercial. Continuava morena, gira e de sorriso fácil. Estudava Direito. Namorava com um professor de natação. Resumindo e concluindo, o meu primeiro amor foi por uma gaja arrogante, estúpida como a merda, com a mania que era boa e com notas péssimas a Psicologia. Mas com uma vulva grande, a acreditar nas palavras do "Belém". Realmente, bem notei uma protuberância na zona pélvica do biquíni dela, durante uma ida à praia, em Maiorca. Que pena não ter visto mais detalhadamente. Talvez, um dia, a Sandra reapareça. Como um grande amor do passado. E com uma vulva exagerada.

Um comentário:

Anônimo disse...

esse "Bélem" tem uma boca tao grande como a vulva da Sandra..mas tu também...

mas aposto que se as coisas com a Sandra tivessem sido diferentes, a vulva dela ja nao era para aqui chamada!enfim...homens!