quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Aguentar

17 de Janeiro de 2008, meio dia. A data oficial em que me passei dos cornos. Já andava a adiar este momento há muito tempo mas foi hoje. Cá vai: estou, oficialmente, frustrado, desiludido e fodido. E já que muita gente anda chocada com a quantidade de palavrões que digo, resolvi ter o proveito, já que fama não me falta. Este país é uma merda.
Terminado o ano de isenção de descontos para a Segurança Social, pedi um aumento. Foi-mo prometido e, até hoje, zero. Talvez a culpa tenha sido minha. Afinal, deram-me um aumento de trabalho. Expliquei-me mal. Entretanto, os meses foram passando e dinheiro zero. Hoje, fui finalmente à Segurança Social inteirar-me da minha situação. Pelas minhas contas, devo estar seis meses em falta, sete se contarmos com Janeiro. Quase 1000 euros, pelas minhas contas. Cansado de esperar, lá fui ao balcão. Ao meio dia, disseram-me que o meu nome nem consta do sistema. Ou seja, para matérias de Segurança Social, não existo. Como pode ser? Simples. Inscrevi-me e os serviços nunca me puseram na base de dados. Esqueceram-se! Agora, para poder pagar o que tenho a pagar, preciso de um número de beneficiário que só os serviços de Setúbal podem criar. Até lá, mãos e pés atados.
Realmente, este país é uma anedota. E das más. Estou a recibos verdes, não tenho rendimentos fixos e sou obrigado a pagar todos os meses, quer tenha rendimentos ou não. E porquê ter de pagar? Porque, se não o fizer, não terei benefícios fiscais nenhuns e as minhas retenções de IRS, feitas com muito sacrifício, vão com o caralho. Supostamente, pagar a Segurança Social é acautelar o meu futuro, a reforma. Nem me consigo ver com condições de comprar uma casa, quanto mais uma reforma.
Um ano inteiro de trabalho, de sacrifícios, de vestir uma camisola para isto. Ficar com a conta quase na penúria, enquanto aguardo por algo que não vai chegar. Imunes a tudo isto, os meus colegas (e não falo dos de secção, salvo uma excepção) continuam nas suas vidinhas de merda, sem fazer um caralho, a colocarem sucessivamente baixas e assistências à família porque, pura e simplesmente, não querem fazer nada. Adoro alguns dos meus colegas. Sabem os direitos todos, os deveres nem por isso. Eu, feito otário, dou o litro. Talvez por isso seja capitalista. Se mandasse, fodia-os todos.
E hoje, após uma manhã passada entre Segurança Social e Finanças, voltei a sentir-me velho. Eu tenho 24 anos. Devia andar por aí a divertir-me, a beber, a viajar, a descobrir e a atirar-me a tudo o que é gaja. Mas não. Ando a sacrificar-me para isto. Nunca um "nick" do messenger fez tanto sentido: vão para o caralho.

2 comentários:

Anônimo disse...

Pela primeira vez comento um post teu... e porquê? Estou solidária contigo! Vão todos para o caralho!!! E o pior... não somos os únicos nesta situaçao, fora do jornal onde é tudo uma máfia há muito boa gente como nós!
Quem tem a sorte de ter pais ricos ou de não os ter e mesmo assim não se importar de andar sempre a chulá-los, viaja, curte a vida e atira-se a tudo o que mexe,quem não tem vai ao BES ou agarra-se ao totta e trabalha uma vida pra no final não ter um chavo! Que se foda... Eu perferio assim, pelo menos sei dar o valor às minhas pequenas conquistas e posso dizer com orgulho que fui eu que consegui!
Mas voltando ao assunto inicial, isto vai de mal a pior, não se esperam melhoras e andamos todos tipo carneiros à espera de conquistar o nosso lugar ao sol... enquanto o Socrates coça o cú com notas de 500€ (por acaso é uma cor que combina bem com ele :P). O que faz falta é um novo 25 de Abril... aliás "o que az falta é animar a malta, o que faz falta..."

Anônimo disse...

Faz como eu amigo: Não pagues e assume que não pagas... Eles que nos levem a tribunal, que eu quero ver um juiz com a lata de me condenar a pagar segurança social, esse "beneficio" da responsabilidade dos patrões - que ganham milhões de euros!
MiguelP