domingo, 6 de janeiro de 2008

Está quieto

Hoje foi um dia difícil. Após mais de um ano adormecido, senti a minha sexualidade a voltar. Foi um dos dias mais rebarbados da minha vida. Acho que nunca olhei para tanta mulher como hoje. Até as mecânicas do Dakar me pareceram sensuais.
Durante a tarde, tive de ir à Praça da Figueira comprar um bolo rei. Minha nossa, tanta gaja na rua. Todas com frio. E eu a arder... À medida que andava na praça do Rossio, dei comigo à porta do animatógrafo. O "peep show" para os amigos, onde por uma moeda se pode ver uma mulher a acariciar-se só para nós. Tinha 17 anos quando fui pela primeira vez ao animatógrafo. Andava no 12.º ano. De todos os rapazes da turma, fui o que ficou mais tempo na cabine. Gastei o dinheiro todo numa espanhola loira de nome Sandra. Era podre de boa. Como só estava eu e um velho na cabine da frente, a Sandra achou-me piada e resolveu mostrar-me toda a sua feminilidade, orifícios incluídos. Foi a primeira vez na vida que vi um órgão genital feminino à minha frente. Sai eufórico do "peep show" e tive de pedir dinheiro emprestado para apanhar o barco. Fiquei com fama de rebarbado depois dessa tarde.
Hoje, lembrei-me desse dia enquanto estava à porta. Ao lado, agora, mora uma clínica dentária. Cá fora, uma mulher fumava. Olhei para ela e pensei: "Serás dentista ou enfias a broca noutro sítio?". Ainda meti a mão ao bolso para ver os trocos que tinha. Foi uma decisão difícil. O bolo rei da minha mãe ou as gajas. A fava ou o brinde. Naquele momento, apareceu-me a minha consciência e disse-me: "Está quieto". Assim foi. Escolhi o bolo rei. Sou um coninhas.
Hoje, já reconsiderei. Vou lá na segunda-feira.

Um comentário:

Anônimo disse...

Brilhante!
Miguel p