quarta-feira, 26 de março de 2008

Crave

Do nada, lembrei-me da Sarah Kane e um um famoso excerto do "Crave" (Falta, na tradução portuguesa). Até a Bjork se inspirou nesta obra da dramaturga inglesa.

A- E eu quero brincar às escondidas contigo e dar-te as minhas roupas e dizer que gosto dos teus sapatos e sentar-me em degraus enquanto tomas banho e massajar o teu pescoço e beijar-te os pés e dar-te a mão e ir jantar contigo e não me importar se comeres do meu prato e encontrar-me no café e falar sobre o dia e passar à máquina as tuas cartas e carregar os teus caixotes e rir-me da tua paranóia e dar-te cds que tu não ouves e ver filmes bons e ver filmes maus e queixar-me da música que passa na rádio e tirar-te fotografias quando estás a dormir e levantar-me para te fazer café e torradas e deixar-te roubar os meus cigarros e nunca encontrar um fósforo e falar-te de um programa de televisão e não me rir das tuas piadas e querer-te de manhã mas deixar-te dormir mais um bocado e beijar-te as costas e tocar na tua pele e dizer-te que gosto do teu cabelo e dos teus olhos e dos teus lábios e do teu pescoço e dos teus mamilos e do teu cu e do teu...E sentar-me nos degraus a fumar até chegares a casa e preocupar-me quando estás atrasado e ficar surpreendida quando chegas cedo e dar-te girassóis e ir às tuas festas e dançar até à exaustão e pedir desculpa quando me engano e ficar feliz quando me perdoas e olhar para as tuas fotos e desejar que ter-te conhecido desde sempre e ouvir a tua voz ao meu ouvido e sentir a tua pele na minha pele e ficar assustada quando te zangas e dizer-te que és bonito e abraçar-te quando estás ansioso e cuidar de ti quando estás estás triste e querer-te quando te cheiro e atacar-te quando te toco e pedinchar quando estou contigo e pedinchar quando não estou e babar-me no teu peito e sufocar-te durante a noite e ter frio quando me roubas o cobertor e calor quando não roubas e derreter-me quando sorris e dissolver-me quando te ris e não perceber porque é que pensas que te rejeito quando não te rejeito como é que podes pensar que eu te rejeito e imaginar quem és mas aceitar-te na mesma e escrever-te poemas foleiros e perguntar-me porque é que não acreditas em mim e ter este sentimento tão profundo que não consigo encontrar palavras e querer comprar-te um gatinho de quem vou ter ciúmes porque lhe vais dar mais atençao do que a mim e obrigar-te a ficar na cama quando tens que ir e chorar com um bébé quando vais mesmo e comprar-te presentes que não queres e pedir-te em casamento e tu dizeres ´não' outra vez mas continuar a pedir porque apesar de pensares que estou a brincar estou a falar a sério e caminhar pela cidade e pensar que está vazia sem ti e querer o que ti queres e pensar que me estou a perder mas saber que estou segura contigo e mostrar-te o pior de mim e tentar dar-te o melhor de mim porque não mereces menos do que isso e responder às tuas perguntas quando preferia não responder e dizer-te a verdade quando não quero dizer a verdade e tentar ser honesta porque sei que preferes assim e pensar que acabou tudo mas aguentar mais dez minutos antes de me mandares embora e esqueceres quem sou e tentar aproximar-me de ti porque é bonito conhecer-te e vale bem a pena o esforço e falar contigo em mau francês e fazer amor contigo às três da manhã e não sei como não sei como dizer-te algum do esmagador indestrutível expansivo incondicional contínuo infinito amor que sinto por ti"
Ela matou-se passado pouco tempo.

Hein?

Às vezes, fico com vontade de ser argentino. Gostava mesmo de ser argentino, um daqueles chamado Diego qualquer coisa, charmosos como nos filmes, com uma voz colocada e peritos a dançar o tango. E dizer com uma voz sensual "Diego" sempre que uma rapariga me perguntasse o nome.
Dou comigo com vontade de ser distinto, de ser único, e não apenas mais um rapaz dos subúrbios, igual a tantos outros, com o mesmo casaco há quatro anos só porque não me apetece comprar outro. Gostava de não andar tanto de transportes públicos, de não me isolar lá no fundo com os olhos postos num livro e a segurar a lancheira. Gostava de não ser tão bicho do mato para as raparigas, de baixar as minhas defesas e de não ter tanto medo de ser magoado. Talvez assim tirasse os olhos do livro e recebesse algum sorriso bonito, daqueles de quem acabou de reparar em mim e até gostava de conversar comigo.Gostava de não ser tão exigente com as pessoas, que as compras servissem, de facto, para alguma coisa e afastassem os vazios.
Acima de tudo, gostava de não ser um Florentino Ariza. É disso que tenho mais medo, transformar-me num e andar por aí a espreitar em tudo quanto é sítio à procura dela. Eu não quero ser um Florentino Ariza, e não me posso transformar num Florentino Ariza. Mas esse é colombiano, não é?

terça-feira, 25 de março de 2008

Estou a ficar mais bonito e há que assumi-lo sem problemas e com naturalidade

Não há nada como uma ida ao centro de saúde da freguesia para levantar o astral e subir o ego. Acreditem. Se estiverem mal, o Serviço Nacional de Saúde cura tudo.
Lá fui eu hoje ao início da tarde levantar umas receitas da minha mãe. Má altura. O centro estava cheio de velhos e grávidas monstruosas, todos carregados com sacos da Sapataria Charles e da boutique Moda Jovem. Lá dentro, milhares de exames. A maioria dos velhos foi para lá de madrugada, com um frio brutal, conseguir a vaga do dia e cinco minutos de atenção. Já se conhecem todos e fazem concorrência com o número de maleitas.
Gajas boas, nem vê-las. As gajas boas não vão ao SNS, preferem clínicas privadas, com compressas esterilizadas e revistas actualizadas. É a mesma coisa com as repartições de Finanças. Não há gajas boas nesses locais, muito menos num balcão da Segurança Social. Elas não pagam impostos. Adiante.
Nunca vi pessoas tão feias como as que vi hoje. Na maioria obesas, com os dentes desalinhados, os cabelos mal pintados e os óculos sujos. E sempre com um broche na lapela do casaco, daqueles com rosas ou com as iniciais dos nomes. Essa é outra. Os nomes. Na maioria, nomes de santos. Não admira a Igreja estar como está.
No meio daquele cenário, lá estava eu, com o meu blazer de 50 contos, bonito, asseado e a cheirar a CK. Pela primeira vez na minha vida, senti-me a pessoa mais bonita no meio de dezenas.
É algo que constato com o avançar da idade. Modéstia à parte, estou a ficar cada vez mais bonito. Não tinha piada nenhuma na adolescência, mas estou a tornar-me num belo homem. Sempre que entro num elevador, olho-me ao espelho e não posso deixar de assumir isso mesmo. Sempre vi em mim muito potencial para ser um George Clooney. O homem era gordo enquanto adolescente. Nunca ninguém deu nada por ele. À medida que foi crescendo, transformou-se e, hoje, deixa as mulheres loucas. Acho que se vai passar o mesmo comigo. Daqui a uns anos, vou ser tão charmoso que até vai irritar. É o destino, não há como lhe escapar.

sábado, 22 de março de 2008

15 minutos

Se existem pessoas que invejo são as que correm. Na semana passada, cruzei-me com algumas pessoas no metro. Vinham todas da Meia Maratona, com os seus saquinhos vermelhos cheios de brindes e com os seus ténis de 100 euros. Todos com um ar feliz.
É coisa que já reparei. O ar feliz de quem corre. Sobretudo, naquelas publicidades da Nike e da Adidas, em que estão todos cheios de estilo a correr na mata, à chuva, com a sua roupa de corrida topo de gama, os ténis de 150 euros e o leitor mp3 da vanguarda. E ficamos cheios de inveja. Invejamos o ar libertador e a alegria daquelas pessoas. Acabamos por comprar os ténis de 100 euros e lá vamos nós correr, à procura da sensação de liberdade da publicidade. Conheço muita gente que adora correr e não passam sem aquilo. Ontem, foi a minha vez.
Fui a um desses parques cheios de trilhos, próprios para o desporto. Calçãozinho, ténis mais modestos, t-shirt da vanguarda, mp3... e lá fui eu. Aguentei 15 minutos. 15 minutos. E digo-vos, foram 15 minutos que nunca mais passavam. Porra. Quando cheguei aos oito minutos de corrida, já mal respirava. O empedrado dava-me cabo dos joelhos, o rabo estava mais pesado do que chumbo. Fiz duas voltinhas ao parque e parei. Já chegava. Hoje, as minhas pernas mal se mexem e sensação de liberdade nem a ver. Publicidade enganosa, é o que é.

sexta-feira, 21 de março de 2008

Este post tem palavrões

Eu já desconfiava, mas só hoje tive a certeza. Ninguém faz um caralho neste país. Os meus perdões a quem se impressiona com a linguagem fálica, mas nenhuma outra serve neste caso.
Estava eu à espera do meu comboio, quando vejo imensas pessoas a chegar de Lisboa. Nem hora do almoço era. Vinham apressadas, como uma manada desenfreada. Qual a razão de tamanho reboliço? Três. O equivalente a três palavras, as preferidas dos portugueses: "tolerância de ponto". Ficam doidos, desatam a sorrir, metem-se nos carros e lá vão a toda a velocidade passar o fim de semana para fora. Vão para a neve, para a montanha, para o Alentejo e para o caralho que os foda, montados nos seus monovolumes, com os putos sem cinto e a toda a velocidade. Depois fodem-se, batem com a chapa nas árvores e lá vão todos para o galheiro.
Ao invés, no local onde normalmente almoço aos feriados e fins de semana, lá estava a menina brasileira simpática que me sorri sempre, pois já se habituou à minha presença. Alguém tem de trabalhar nesta merda, não é?
Ainda hoje, mal cheguei ao meu local de trabalho, encontrei tudo em reboliço. Não que estivessem a trabalhar. Estavam a marcar as férias e já programavam o que só vai acontecer daqui a uns meses.
Já o disse e reafirmo: os portugueses não fazem um c-a-r-a-l-h-o. Nada. Não gostam, não querem. Fazem greves à sexta-feira, marchas da indignação quando andam a levar porrada nas aulas...
Os funcionários públicos são o cancro disto tudo. Reclamam aumentos, queixam-se, queixam-se, mas não fazem um caralho. E é só ouvirem as três palavras mágicas e sorriem de imediato. É por isso que nunca vamos passar da cepa torta. Porquê? Porque os portugueses não fazem um...

segunda-feira, 17 de março de 2008

A vida está cara

Eu já a esperava e preparei-me mentalmente para o que aí vinha. Hoje, assim que abri a caixa do correio, lá estava ela: a conta do telemóvel. Pelo tamanho do envelope, percebi logo que a factura não ia ser meiga. E não foi. 116 euros.
Tal verba resultou de um mês de Fevereiro preenchido com vários telefonemas e mensagens de cariz amoroso e fofucho. O ritual da sedução tem o seu preço e um homem tem de se sujeitar a estas coisas. Não há como escapar, caso contrário, não terá sorte nenhuma.
Ela abusava imenso das SMS. Eu respondi sempre. Assim, não admira as 151 SMS enviadas para ela em pouco menos de um mês. A dez cêntimos cada (sim, o meu pakot foi logo à vida), gastei quase 20 euros em mensagens escritas. A maioria era perfeitamente evitável, com contéudo pobre e amoroso, do tipo "beijinho" ou "gostas de mim". Não era preciso tanto.
Além do dinheiro em comunicações, há ainda a registar todas as despesas em gasolina, portagens e refeições. Nem ouso quantificar tais gastos.
E tudo para quê? Para quatro cambalhotas, de duração algo curta e com amimalho a mais. Deu qualquer coisa como 30 euros a berlaitada. Cedo percebemos que aquilo não ia a lado nenhum. E em boa hora. Já me estava a ver a trabalhar à noite para custear as minhas aventuras. Não só me ia matar algum tempo, como a minha pujança física ia ser muito menor. Ela arranjava outro na hora.
Mas pronto, acabou e isto está a voltar ao normal. É nestas alturas que me lembro de Adam Smith, o "pai" da economia que, um dia, escreveu "não existirem almoços grátis". Não existem. Ao invés, Adam Smith devia ter escrito "não existem relações grátis". Pois não. É por estas e por outras que não tenho namorada. Acasalar sai muito caro.
E lá se foram os ténis de corrida. Eu também não ia correr, de qualquer forma.

domingo, 16 de março de 2008

Sem título

Sou uma pessoa complexa, rapaz de muitos defeitos. Falta de humildade, egoísmo, etc. Mas uma das minhas principais características é o facto de ser um "boca podre". Sou mais alcoviteiro do que muita velha abelhuda que para aí anda. Talvez por isso tenha escolhido esta vida. Adoro uma boa novidade, uma fofoca. Sou incapaz de guardar segredos. Mesmo quando algo acontece comigo, partilho-o com meio Mundo. Não adianta, sou assim. Quando criei este blog, só queria escrever, escrever o que me ia e vai na alma, como uma espécie de refúgio. Mas o espírito alcoviteiro é e foi mais forte do que eu. O que era suposto ser secreto, depressa passou a ser público. Contei a uma, a outra, àquela e ainda mais àquela. Estes, por sua vez, fizeram o mesmo. E, apesar de quase não ter comentários, sei que muito boa gente perde muito do seu tempo útil a ler este pasquim. Assim, fico perante uma encruzilhada. Escrevo ou não escrevo? Partilho ou não partilho?
Ultimamente, dou comigo a perguntar algo que já não perguntava há alguns meses e cuja resposta ainda não encontrei: Como se esquece um grande amor?
Será possível mesmo esquecer ou apenas acabamos por não o lembrar? Esta semana, dei comigo a ler um livro. Às tantas, o autor escreveu "não há amores como no passado e esses nunca se esquecem". Ando a pensar nesta frase. Como se esquece? E, mais importante, quanto tempo demora? Não há pior coisa do que ter uma recaída e, ainda para mais, quando foi outra pessoa a provocar essa mesma recaída. Damos connosco a pensar sempre nas mesmas coisas, numa laranja mecânica que anda, roda, volta a andar, volta a rodar e termina sempre no mesmo sítio. Voltei a recordar-me dela há umas semanas. E aconteceu quando eu menos previa e no local onde nunca deveria acontecer. Mas aconteceu. E agora? Como se esquece? Como se põe uma pedra no assunto quando já fizemos tudo para isso e, simplesmente, não somos capazes? O que é melhor? A revolta ou a resignação de que nada podemos fazer?
Às vezes, gostava mesmo de ser como algumas pessoas que conheço que andam de amor em amor com uma facilidade incrível e, às tantas, acabam quase por os sobrepor. Não sou assim, mas gostava de ser assim. Era tudo mais fácil. Mas não sou assim. Foda-se!!

sexta-feira, 14 de março de 2008

Divagações

Não estar apaixonado é das sensações mais estranhas que há. Por um lado, é fantástico. Não estamos presos a ninguém, fazemos o que queremos, em paz, e não corremos o risco de um desgosto. Mas, por outro lado, retira-nos o "sal" da vida, a emoção, o sentimento. Se somos assim um pouco para o melancólico, deixa-nos ainda mais estranhos. Mas... é mesmo possível não estar mesmo apaixonado?
Pergunto-me isso algumas vezes. Eu acho que não estou apaixonado, mas não tenho a certeza. Nenhuma rapariga me faz suspirar, mas o coração ainda bate mais forte e fica indeciso quando se confronta com o passado. E basta um sorriso, seja sincero ou cínico, para pôr algumas coisas em causa. Depois entram em cena as insuficiências emocionais e damos connosco quase à beira de fazer merda da grossa. Esquecemos as coisas más (ou pelo menos não nos lembramos) e quase tomamos a iniciativa de tentar reanimar o que já morreu há muito.
Quando não se está bem, qualquer migalha serve. Nem que, para isso, tenhamos que pôr todo o orgulho e dignidade de volta. Mas não se preocupem. Não fiz nada.
Acho piada àquelas pessoas que dizem..."quero muito que sejas feliz." Não querem nada. Eu, pelo menos, não quero. Não sou Jesus Cristo e não desejo a felicidade a quem me fez sofrer. Bem sei que temos de nos preocupar mais connosco e isso, mas, quando as coisas não saem do sítio, já não ficamos mal se a felicidade não estiver no outro lado.
Para mim, a pior coisa são os cheiros. Os objectos guardam-se. Os locais evitam-se. Mas basta um cheiro para resgatar todas as recordações. Os aromas dão cabo de mim. Fazem-me parar na rua, se for preciso. Hoje, por exemplo. E depois? É respirar ar puro o mais rápido possível e esperar que passe. Não há muito mais a fazer.
Talvez uma amiga minha tenha mesmo razão. Não tenho namorada, mas ainda não me habituei... a não ter. E, enquanto isso não acontecer, o melhor que tenho a fazer é respirar pela boca.

Tédio

Há coisas que não consigo perceber. Quando chega aquela altura da nossa vida em que queremos e precisamos da emancipação? Sair da casa dos pais e começar outra vez noutro local qualquer? O que é preciso para esse dia chegar? Quais os parâmetros que precisamos de preencher para essa certeza interna?
Nos últimos anos, deixei de conhecer e de me reconhecer na minha terra. Já não conheço isto. Caminho na rua e tudo me parece frio, distante. As ruas são as mesmas, mas tudo o resto mudou. As árvores já não têm folhas, como que a partilharem a minha tristeza. Ainda hoje, enquanto aqui andava, observei imensa gente e percebi que já não conheço ninguém. Nem eles me conhecem a mim. De certa forma, fomos invadidos. Isto deixou de ser meu.
Bastou-me regressar a Castelo Branco para perceber que não tenho raízes nenhumas com este local. Nada. Em tempos tive. Hoje, nada me prende aqui. Não fosse a eterna falta de dinheiro e já cá não moraria. Preciso de um desafio que me faça sair daqui, pois o sentimento de não pertencer já o tenho.
Não é à toa que prefiro trabalhar. Um dia de folga é mais um dia de tédio, rodeado de pessoas que não conheço ou que deixei de conhecer. Ou muito engano, ou não voltarei a colocar os pés quando abandonar este lugar. E não vou sentir a mínima falta.

Signos

Percebo muito pouco de signos. Quase nada, para ser sincero. Mas muitas pessoas acreditam. Uma colega minha, por exemplo, é meio esotérica. No outro dia, no bar, perguntou-me qual era o meu signo. Respondi-lha: "Peixes". Após alguns segundos pensativa, ela disse...
"Vocês são a coisa mais fácil de levar. Românticos como tudo, deixam-se levar com facilidade. Quando estão bem, são as pessoas mais fantásticas com quem estar. Contentam-se com pouco e esse pouco chega para serem felizes. Quando não estão bem, são os mais neuróticos do Mundo. Além disso, têm muito azar no amor, mas sorte ao jogo."
Fui jogar no Euromilhões uns minutos depois. Vamos lá ver.

Pianos

Como pessoa muito informada que sou, ando atento ao fenómeno musical. No meio de tanto vídeo na MTV e no VH1, estou banzado com o piano da Alicia Keys. Ela junta os amigos todos na rua, à chuva, aos gritos pela nova paixão dela e mesmo a chover imenso, o piano não pára. Incrível. Já o vocalista dos One Republic parece estar a defecar enquanto toca no piano dele. Nunca repararam? Ou serei só eu?

domingo, 9 de março de 2008

24

O grande problema dos blogues é a tentação de mostrar a todo o Mundo o que escrevemos ou o que sentimos. Se assim não fosse, nunca os textos estariam disponíveis à distância de um clique. Estariam num cofre ou numa caixa qualquer, como fazemos como as nossas recordações. Ficam guardadas num sítio bem recôndito da casa, onde não tenhamos a tentação de as resgatar, como se nos quiséssemos esquecer que ali estão. No fundo, fazer o mesmo em relação à nossa vida. Até que chega uma altura em nem reparamos, mas damos com a caixa. Abrimos, vemos o conteúdo, lemos o que não devíamos ler, ouvimos o que não devíamos ouvir e tudo se complica.

Esperei muitos meses pelos 25 anos, como se fosse um dia mágico que ia mudar toda a minha vida. Como se deixasse de ser um miúdo e passasse a ser um homem já feito. Mas nada disso aconteceu. Já com o quarto de século, damos por nós numa introspecção sem fim, isolados, alheados do resto do Mundo, sem vontade de sair ou estar com alguém. Ficamos aprisionados com o passado, em constantes pensamentos e com receio do futuro. É assim que me tenho sentido nos últimos tempos. O entusiasmo de sair desapareceu. Não tenho grande dinheiro, mas nem é essa a grande razão. Percebi que não sou capaz de arriscar, que sou um bocado cobarde em relação a isso. Sou daqueles que vê os dias passar uns atrás dos outros, sem que isso traga algo de fantástico. Trabalhamos, cumprimos, estamos lá todos os dias, mas não sentimos o devido valor. Aos poucos, vem a acomodação e com ela a estagnação.

O pior de tudo é o passado. E é aqui que não devia mostrar ao Mundo o que realmente sinto. Porque a questão é exactamente essa. Não sei o que sinto. Não sei sequer que sinto. É angustiante estar com uma pessoa sem realmente estar. Sem sentir nada, sem sentir os lábios na nossa boca ou o toque na nossa pele. Porque a cabeça está noutro lugar. E percebemos que não é aquilo que queremos. Essa acabou por ser a única certeza que tive ao longo destas semanas. A certeza que tive naquele beco enquanto me dirigia para o meu carro, convicto que não era aquilo que eu queria e que tudo estava errado. Aí, foi o passado que apareceu, depois de muito tempo escondido, latente, enganando-me a mim próprio.

Depois vem o dia desejado, o dos 25, mas sem grandes euforias. E, com ele, vem o silêncio, um silêncio natural, esperado, mas sempre duro. Nunca nos acostumamos a esse silêncio, por mais que haja muito barulho e as pessoas cantem o nosso nome. Há alegria, mas não deixamos de sentir uma certa angústia. Por não sentir. E com isto tudo regressa a desorientação, as eternas dúvidas e os fantasmas a assombrarem uma casa que já não se assusta.

sábado, 8 de março de 2008

Café da Colombia

Não conheço pessoa com maior desgosto amoroso do que a Shakira. Talvez a Dido.
A colombiana até já se casou ou vai-se casar, mas tal não se nota na música dela. Por mais ritmo que tenha, gira tudo à volta de um cabrão qualquer que a fez sofrer, que enganou o pobre coração dela, apesar da grande intuição dela, etc, etc.
De certa forma, até me acho parecido com ela. Só não abano as ancas. Era bom.

sexta-feira, 7 de março de 2008

25

Algumas semanas e quatro cambalhotas depois, decidi voltar a escrever. E faço-o já com o estatuto do quarto de século: fiz 25 anos. Acabei por entrar no dia do meu aniversário ainda em Alvalade, onde fiz o meu Sporting-Benfica.

E só para quem não reparou, na semana do meu aniversário, dois canais diferentes exibiram em dias diferentes os dois filmes do Predador. Não há coincidências.

Para o ano, quero a Força Delta.