sexta-feira, 14 de março de 2008

Tédio

Há coisas que não consigo perceber. Quando chega aquela altura da nossa vida em que queremos e precisamos da emancipação? Sair da casa dos pais e começar outra vez noutro local qualquer? O que é preciso para esse dia chegar? Quais os parâmetros que precisamos de preencher para essa certeza interna?
Nos últimos anos, deixei de conhecer e de me reconhecer na minha terra. Já não conheço isto. Caminho na rua e tudo me parece frio, distante. As ruas são as mesmas, mas tudo o resto mudou. As árvores já não têm folhas, como que a partilharem a minha tristeza. Ainda hoje, enquanto aqui andava, observei imensa gente e percebi que já não conheço ninguém. Nem eles me conhecem a mim. De certa forma, fomos invadidos. Isto deixou de ser meu.
Bastou-me regressar a Castelo Branco para perceber que não tenho raízes nenhumas com este local. Nada. Em tempos tive. Hoje, nada me prende aqui. Não fosse a eterna falta de dinheiro e já cá não moraria. Preciso de um desafio que me faça sair daqui, pois o sentimento de não pertencer já o tenho.
Não é à toa que prefiro trabalhar. Um dia de folga é mais um dia de tédio, rodeado de pessoas que não conheço ou que deixei de conhecer. Ou muito engano, ou não voltarei a colocar os pés quando abandonar este lugar. E não vou sentir a mínima falta.

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