domingo, 2 de dezembro de 2007

A solidão de estar sozinho

Hoje tive um dia sintomático da minha vida. Mais de doze horas de trabalho. De manhã à noite. E na maioria do tempo...sozinho. Até almocei num restaurante perdido do Passil, perto de Alcochete, com a minha pessoa. Agora, no dia em que fiz o meu primeiro clássico e quando mais gostava de partilhar isso com alguém, acabo por terminar o dia sentado ao computador, com um café pela frente, o enésimo da jornada. Sozinho.
Ainda assim, até me sinto bastante bem e, nos últimos tempos, descobri que até gosto de estar sozinho. Não saio há duas semanas, os meus amigos e família quase me negligenciam, mas nem quero saber. Sinto-me bem.
Para mim, estar sozinho é diferente da solidão. É um dos grandes problemas das pessoas. Não suportam estar sozinhas. Passam o tempo todo a sair, metem-se em relações. Não porque precisem, apenas têm medo da solidão. Não aguentam estar sozinhas. No fundo, não se suportam a si próprias.
Também já fui assim. No final de cada dia, sentia-me vazio como tudo. Não fazia mais nada do que chatear para cafézinhos e cinemas. Quando dava por mim, estava num teatro qualquer a ler o Público, a comer sopinha e a discutir filosofia. Não me suportava, não aguentava a minha solidão e, mais do que tudo, não aguentava o meu desgosto.
Aos poucos, percebi que só piorava e deixei-me de merdas. Hoje, encontrei-me. Voltei a ser o bicho-do-mato, o ser anti-social. Quando não estou a trabalhar, passo o tempo em casa ou a jogar ténis. Nunca faço nada que não goste. Gosto desta liberdade, um vício, como escreveu o Miguel Sousa Tavares. Trouxe-me paz, tranquilidade. A minha vida é uma pasmaceira, assumo-o, mas, ao menos, não tenho grandes problemas.
E as miudas, perguntam vocês? Sinceramente, nem penso muito nisso. Não me vejo numa relação nos próximos anos. Acho muito improvável. Estou finalmente a recuperar, a encontrar-me após um ano perdido e não quero lixar nada. Sinceramente, nem estou preparado para isso. Ainda não consigo voltar a acreditar e a entregar-me. Talvez daqui a uns tempos.

3 comentários:

Anônimo disse...

Não te negligencio. Parabéns pelo clássico!

Anônimo disse...

Já sabes que eu sei o que isso é. Passei meses e meses a ir ao cinema sozinha, a passar tardes de folga sozinha. E era tão bom. Não ter que falar com ninguém, não ter que socializar, poder deixar os pensamentos correr a maratona.
Foi uma etapa da minha vida. Continuo a apreciar a solidão, mas não sinto necessidade dela com a mesma sofreguidão.

Anônimo disse...

Vai-te habituando amigo... Com a idade só tende a piorar. Grande abraço
Miguel P