segunda-feira, 19 de novembro de 2007

24 anos.

Hoje, uma pessoa da minha família fez a bonita idade de 35 anos. Caraças, que inveja.
Tenho apenas 24 anos e não vejo a hora de ter 30. As pessoas a quem digo isto chamam-me louco. Tenho a ideia de que os homens melhoram com a idade. Pelo menos, é o que dizem. À medida que envelhecem, ficam mais charmosos, sedutores, diferentes. No auge. Eu, pelo contrário, já me sinto um velho e ainda nem cheguei ao quarto de século.

Enquanto os 30 não chegam, conto os dias até fazer 25, na esperança que tudo esteja diferente nessa altura. Talvez me engane, mas não suporto mais as duas dúzias. Hoje, mais uma vez, cheguei a casa exausto. Um ano de trabalho, de sacrifício, com poucas recompensas.
É como diz o Saramago na obra "O ano da morte de Ricardo Reis". Às vezes, vive-se mais num fulgurante minuto ou segundo do que em muitos meses. E, durante os 24 anos, tenho vivido muito pouco. Isto já começa a ser penoso.

Talvez seja a entrada na vida adulta. No outro dia, uma grande amiga minha, que me pegou o vicio da Anatomia de Grey, dizia-me que a entrada na vida adulta é bem pior do que qualquer adolescência. Hoje, não podia estar mais de acordo. Organizar vida, começar a trabalhar, as eternas questões da nossa vocação, os primeiros problemas laborais e, sobretudo, tentar não desiludir ninguém. Acima de tudo, quem nos deu a oportunidade. Então, trabalhamos muito, na esperança de não desleixar. E quando se juntam desilusões amorosas (e das fortes) e enormes crises de confiança, ainda pior. Aconteceu tudo ao mesmo tempo. Aos 24 anos. É fodido quando percebemos que o Mundo não é como queremos ou como o pintamos. Maldito.

Sentimo-nos em queda livre, a desfalecer. O que fazemos, então? Lutamos, lutamos e ficamos preparados para ainda mais desilusões? Não o fiz. Acho que aceitei a queda livre, pelo menos, deixei de lutar contra ela. Neste momento, é forte de mais.
Aceitamos que o sofrimento faz parte da vida, torna-nos mais fortes, mais sábios, e essas tretas todas. Mas temos mesmo de passar por ele. Depois há de passar. Só assim se cresce. Espero eu. Enquanto isso, lá continuarei a trabalhar e a esperar pelos 25 anos, enquanto não chegam os 30.

Um comentário:

Anônimo disse...

O que é irónico é que quando fizeres 30 vais estar a rir de ti mesmo aos 24 e a cagar para todas essas angústias. E a beber vinho com mais critério, a deitar-te mais cedo, a ser menos preocupado com o trabalho e a ser melhor na cama (não tentes chegar lá antes, é mesmo uma coisa da idade).