segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Se calhar já chega.

Tenho para mim que este outubro está a ser o mês mais longo de toda a minha vida. Dói-me o coração quando entro na casa nova do meu irmão e vejo tantas fotografias espalhadas, como se nada daquilo se pudesse repetir.

Ele lá anda, muito pragmático, a tentar aguentar-se e eu tento, com toda a minha força, que ele não note que tudo isto me está a custar. É incrível o vazio com que saio daquelas quatro paredes.

Mal saí da casa dele, fui trabalhar. Armei-me em esperto e propus ao meu chefe uma entrevista com pertinência e onde tínhamos a possibilidade de nos anteciparmos à concorrência. O que parecia algo fácil transformou-se numa piçada com mais de dez minutos, mas uma conversa que jamais esquecerei.

Fui apelidado de "carteiro" do entrevistado, de ser o mensageiro dele e de, à semelhança de todos os meus colegas, ser "mau jornalista". Pela primeira vez em toda a minha vida, concordei com o chefe.

Disse-me que, se eu realmente quisesse saber a história do entrevistado, investigava pelos meus meios e não em sujeitava a uma entrevista encomendada. Disse-me ele que somos "todos maus". E tem razão. Assumo. Nunca me senti verdadeiramente jornalista, não sei o que isso é e sou mais um preenchedor de conteúdos do que um jornalista.

Se calhar já chega desta vida. Hoje foi isto que eu senti e foi mais forte do que nunca. Foram raras as vezes em que fiz "verdadeiro jornalismo", seja lá isso o que for. Cada vez escrevo pior e começo a achar que não dou mais do que isto.

Se calhar já chega.

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