quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Pior do que as gajas

Muitas amigas minhas dizem-me que sou pior do que as gajas. Talvez seja. Já tive a minha fase de cremes e perfumes, mas deixei-me disso. Sou demasiado preguiçoso. Cheguei a comprar leite corporal com cheiro a laranja em Madrid e acabei por o dar à minha prima no Natal.
Mas se há coisa que não dispenso é uma ida ao cabeleireiro. Há quem goste de ir a um bar de alterne ou ao cinema. Eu gosto de ir ao cabeleireiro. E pago o que for preciso. Tendo em conta que vou a Paris amanhã, resolvi ir ao cabeleireiro hoje. E notem que assumo ir ao cabeleireiro, não sou como aqueles machões que vão ao barbeiro.
Para mim, a qualidade de uma cabeleireira é proporcional ao número de tatuagens que tem. Há coisa de um ano, uma holandesa mamalhuda com um dragão tatuado cortou-me o cabelo e aquilo foi uma experiência orgásmica. Sempre que ela se chegava à frente, atingia-me com uma daquelas armas, tão mortífera quanto apetitosa.
Hoje, resolvi ir a um desses da moda. Atendimento cinco estrelas, cadeirinha de massagem e cabelinho lavado por uma jovem de corpo firme e tatuagem na anca. Nunca me senti tão giro como hoje. Até cera trouxe de lá para moldar o meu couro cabeludo. Caraças, isto para mim é como fumar um cigarro depois de dar uma trancada. E eu nem fumo.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Hoje foi mais um daqueles...

Nunca contei qual é o meu momento preferido da semana. Pois bem vou revelá-lo. O melhor momento da minha semana é quando saio do jornal aos domingos e vou para casa a conduzir com os vidros abertos, a deixar entrar todo o ar e a respirar. Nunca penso tanto como nesse momento..
Hoje foi mais um daqueles dias. De manhã à noite. Cortesia do senhor Quaresma, saí tardíssimo do estádio. Hoje, fiz o meu primeiro clássico com o Sporting. Ninguém acreditava, mas ganhámos 2-0 ao F. C. Porto. Tive pena de não estar na bancada. Teria gritado aqueles golos.
Mas não vou recordar este dia apenas por isso. Foi hoje também que vi o Novak Djokovic, um dos meus tenistas preferidos, a vencer o Open da Austrália com apenas 20 anos. Sem esquecer a grande feijoada do almoço. Tudo de bom, portanto.
Com tanto trabalho, nem tenho conseguido escrever. E acreditem, tenho tanto para escrever! Talvez seja esta semana. Vamos ver.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Aguentar

17 de Janeiro de 2008, meio dia. A data oficial em que me passei dos cornos. Já andava a adiar este momento há muito tempo mas foi hoje. Cá vai: estou, oficialmente, frustrado, desiludido e fodido. E já que muita gente anda chocada com a quantidade de palavrões que digo, resolvi ter o proveito, já que fama não me falta. Este país é uma merda.
Terminado o ano de isenção de descontos para a Segurança Social, pedi um aumento. Foi-mo prometido e, até hoje, zero. Talvez a culpa tenha sido minha. Afinal, deram-me um aumento de trabalho. Expliquei-me mal. Entretanto, os meses foram passando e dinheiro zero. Hoje, fui finalmente à Segurança Social inteirar-me da minha situação. Pelas minhas contas, devo estar seis meses em falta, sete se contarmos com Janeiro. Quase 1000 euros, pelas minhas contas. Cansado de esperar, lá fui ao balcão. Ao meio dia, disseram-me que o meu nome nem consta do sistema. Ou seja, para matérias de Segurança Social, não existo. Como pode ser? Simples. Inscrevi-me e os serviços nunca me puseram na base de dados. Esqueceram-se! Agora, para poder pagar o que tenho a pagar, preciso de um número de beneficiário que só os serviços de Setúbal podem criar. Até lá, mãos e pés atados.
Realmente, este país é uma anedota. E das más. Estou a recibos verdes, não tenho rendimentos fixos e sou obrigado a pagar todos os meses, quer tenha rendimentos ou não. E porquê ter de pagar? Porque, se não o fizer, não terei benefícios fiscais nenhuns e as minhas retenções de IRS, feitas com muito sacrifício, vão com o caralho. Supostamente, pagar a Segurança Social é acautelar o meu futuro, a reforma. Nem me consigo ver com condições de comprar uma casa, quanto mais uma reforma.
Um ano inteiro de trabalho, de sacrifícios, de vestir uma camisola para isto. Ficar com a conta quase na penúria, enquanto aguardo por algo que não vai chegar. Imunes a tudo isto, os meus colegas (e não falo dos de secção, salvo uma excepção) continuam nas suas vidinhas de merda, sem fazer um caralho, a colocarem sucessivamente baixas e assistências à família porque, pura e simplesmente, não querem fazer nada. Adoro alguns dos meus colegas. Sabem os direitos todos, os deveres nem por isso. Eu, feito otário, dou o litro. Talvez por isso seja capitalista. Se mandasse, fodia-os todos.
E hoje, após uma manhã passada entre Segurança Social e Finanças, voltei a sentir-me velho. Eu tenho 24 anos. Devia andar por aí a divertir-me, a beber, a viajar, a descobrir e a atirar-me a tudo o que é gaja. Mas não. Ando a sacrificar-me para isto. Nunca um "nick" do messenger fez tanto sentido: vão para o caralho.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

O taxista

Nesta profissão, anda-se sempre de um lado para o outro. É raro haver um minuto de sossego. Grande parte das viagens para serviços são feitas em táxis, sempre a deambular pela cidade de Lisboa. Já perdi a conta aos taxistas que conheci. Às vezes, até os repetimos e eles reconhecem-nos sempre. No outro dia, no Restelo, o motorista assim que me viu perguntou: "Então, mais um jogo?".
Já apanhei de tudo. Gajos com paus junto ao banco do pendura para agredir os funcionários da EMEL, outros com televisão dentro do carro para ver futebol, mulheres que deixaram uma carreira no escritório para ganhar dinheiro a conduzir o carro. Há quem já tenha confessado homicídios, mas essa, infelizmente, não foi comigo.
Hoje, lá fui novamente. Assim que entrei no táxi, o taxista puxou logo conversa: "Então, este tempo... está frio." Pois estava. A aborrecer-me, puxei de um rico tópico de conversa, tendo em conta que ia a caminho de Carcavelos e a viagem ainda era considerável. "Estas mulheres de hoje..."
O que é que eu fui dizer! Do nada, o taxista contou-me toda a vida amorosa. Com muita caralhada pelo meio, falou-me do amor da vida dele, dos tempos da tropa e das traições dela, até do casamento falhado. Com 41 anos, disse-me que nunca amou ninguém como a primeira namorada, uma Manuela, mas que a desilusão foi tão grande que nunca mais se prendeu. Foi dele a decisão de terminar o casamento com outra mulher, muitos anos depois. Durante o diálogo, recordou algumas mulheres que transportou para enganarem os maridos, etc. O taxista soltou autênticas pérolas como "Se vir a minha ex-mulher na rua, nem lhe falo", "As mulheres são todas uma merda", "As únicas mulheres que respeito são a minha mãe, irmã e filha"e, a minha preferida, "as mulheres não amam, têm interesses". Foi, de longe, uma das melhores viagens que já fiz.
Nisto, partilhei-lhe a minha história e não omiti a proximidade geográfica com a defunta. "Foda-se, isso é muito fodido!", respondeu ele. Pois é. Enquanto contava a minha história, ele ia-me dando conselhos, no alto da sua sapiência. Retive este: "Isso nunca vai passar. Enquanto ficamos lixados e na merda pelo fim da relação, elas arranjam outro em menos de nada. São cruéis. As mulheres estão cada vez mais frias. E cheias de merda na cabeça. Mas não te preocupes. Voltam sempre. E aí... só tens de lhes dar sopa." Ah grande careca!

domingo, 13 de janeiro de 2008

Enfim...

Enquanto a maioria dorme, eu já comecei o meu dia de trabalho. E com muita chuva à mistura.
Hoje, é mais um daqueles dias que o relógio parece não andar. Em que o trabalho é cada vez mais e, mesmo assim, os ponteiros parecem sempre na mesma.
Nunca mais acaba...

sábado, 12 de janeiro de 2008

A sexta-feira

Como já escrevi, vivo ao contrário das outras pessoas. Pelo menos, sinto isso. Enquanto a semana começa à segunda-feira para a maioria, a minha começa à sexta. Deve ser por isso que detesto o dia.
A sexta-feira à noite é encarada como uma noite de folia, após uma semana de trabalho. As pessoas saem, bebem, divertem-se e chegam tarde a casa. No meu caso, é o contrário. A sexta-feira à noite é quase sempre passada em casa, pois, no dia seguinte, há trabalho para fazer e geralmente começa-se de manhã.
Talvez por isso, as sextas-feiras à noite costumam ser a minha altura introspectiva. Quando estou no quarto, com tudo apagado, e penso mais na minha vidinha. É na sexta-feira à noite que mais me sinto vulnerável, mais susceptível a tudo, sobretudo aos passos. É nessa altura que me questiono se tanto sacrifício vale a pena, se alguma vez vou cumprir os meus objectivos...
É á sexta-feira que mais penso no passado, nas coisas que fiz e nas que não fiz e devia ter feito. É aqui que me apercebo do que cresci ou do que devia ter crescido. Crescer é das coisas mais complicadas que existem, descobri eu. Primeiro estamos na escola, depois passamos para a faculdade para, de seguida, começarmos a trabalhar. E vamos crescendo, sempre a sentirmos a expectativa a subir. Nisto, vou-me deitar e peço que aquela noite termine o mais rápido possível. Até que chega a manhã de sábado, como hoje, em que acordo e me preparo para mais um dia de trabalho, enquanto a maioria ainda dorme, a recuperar de uma noite de regabofe. Às vezes, isto aborrece-me.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

A farmacêutica

Há uns meses, uma menina começou a trabalhar na farmácia ali no cimo da rua. Pequenina, morena, de sorriso bonito e olhar doce, cedo me chamou a atenção. Conduzia um Polo, daqueles cheios de peluches. Típico das meninas doces que se soltam quando levadas para a mata. Durante o Verão, usava uns crocs rosinha e a bata revelava um pouco o peito. Comecei logo a frequentar mais a farmácia. Comprar pastas e escovas para os dentes passou a ser tão frequente como ir ao pão e ao leite.
Às tantas, já nem isso chegava. Certa manhã, pus a minha melhor camisa, o meu melhor relógio e enchi-me de perfume. E parti determinado rumo à farmácia... para ela me medir a tensão. Pus o meu ar mais cansado possível, de forma a ter a atenção dela. Nisto, o meu corpo traiu-me. A puta da tensão arterial estava óptima. Fiquei atrapalhado e logo comecei a dizer que andava a dormir pouco, que tinha um trabalho exigente e tudo isso. As respostas dela não passaram do "Pois...", mas depois fez-me uma pergunta que jamais esquecerei. "Tem tido hemorragias?". A imagem do sangue cortou o momento.
Andei uns tempos sem a ver. Até julguei que tinha ido para outro sítio. Voltei a vê-la há umas semanas, de carro diferente, mas ainda um Polo. No fundo, também não a estou a ver conduzir outro carro que não seja aquele.
Hoje, quis o destino que nos encontrassemos na FNAC, na livraria de autores portugueses e traduzidos. Eu vi-a primeiro, mas também não demorou muito para ela reparar em mim. Ao princípio, ficámos ali feitos estúpidos a ver os livros, como se fossemos muito inteligentes. Eu bem reparei que ela se ia aproximando de mim gradualmente. Estava bem gira sem a bata. Uma camisola de malha justa, cachecol enrolado ao pescoço, aqueles cabelos castanhos soltos e uns jeans justos a revelar uma bela pandeireta, embora a necessitar de algumas aulas de RPM. A julgar pelo comportamento, diria que não tem namorado. Sejamos sinceros: eu ficava-lhe bem e ela a mim.
Enquanto a observava, peguei num livro do Pepetela qualquer, armado em intelectual. Naquele momento, senti-me como se estivesse na paragem de autocarro à espera da Sandra. Tremia por todo o lado, inseguro, sem saber o que fazer. Nisto, enchi-me de coragem e cumprimentei-a. Ela respondeu. Nisto, ficámos ali sem saber o que fazer. Notei o mesmo da parte dela. Lá voltei a insistir. "Então, o que procuras?". Resposta sábia: "Um livro". A sério?!! Vi logo a coisa mal parada. Nisto, joguei mais uma cartada e voltei a fazer merda como no dia da tensão arterial. "Este livro é muito bom. Dá-te uma visão diferente do que são as relações. Mas é giro", disse eu, todo vaidoso. O livro era "O Amor é fodido", do Miguel Esteves Cardoso. Foi uma jogada de mestre. Que raio terá ela pensado? Ainda pegou no livro e nisto soltei outra pérola. "Tens sempre a Margarida Rebelo Pinto", afirmei eu à espera de um sorriso. "Pois", disse ela, sem sorrir. Ali percebi que tinha deitado tudo a perder. Depois, começou a fase dos telemóveis. Acontece sempre que estamos no meio de uma situação e não sabemos o que fazer. Pegamos no telemóvel e fingimos estar a ver as mensagens. Eu peguei primeiro e enviei uma mensagem de socorro. Ela pediu depois e foi um espanto ver um koala de peluche ou lá que merda era aquela pendurada no aparelho. Minha nossa, ou a gaja é mesmo difícil ou é mais enconada do que eu. Numa jogada de desespero, meti os meus dois portáteis no chão (sim, tinha comigo dois portáteis!) e pus-me a ver um livro qualquer, enquanto exibia o meu Tissot novo. Ela não reparou. Que raio de gaja não repara num relógio Tissot? Sinceramente, não as percebo.
E pronto, lá foi cada um para seu sítio sem despedidas. Definitivamente, eu não sei lidar com mulheres. É melhor estar quieto de uma vez e parar de fazer figuras tristes. Assim foi. E assim terminou a minha linda história de amor com a farmacêutica, e que nem chegou a começar.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

O primeiro amor

Costumam dizer que não há amor como o primeiro. Que não há amores como os do passado. Quando essas pessoas reaparecem na nossa vida, tudo treme. Pomos tudo em causa.
Vem isto a propósito do meu primeiro amor. Hoje, passados mais de dez anos, acho que o meu primeiro amor definiu muito a forma como lidava e ainda lido com miúdas sempre que me interesso por alguém. Resumindo e concluindo: o meu primeiro amor foi uma merda.
Ela chamava-se Sandra (penso que ainda se chama). Uma morena magrinha de sorriso fácil. Morava na Amora, filha única de um senhor metido nos negócios de confeitarias. Fazia anos a 31 de Agosto. Signo Virgem. Nunca me esqueci disso.
Apaixonei-me pela Sandra com 15 anos, andava eu no 9.º ano. Foi numa ida ao cinema com muita gente. No auge do meu excesso de peso, vesti uma camisa e lá fui todo pimpão. A partir daqui começaram as figuras tristes. Minha nossa, era tão tanso. Escrevia-lhe postais, enviava mensagens anónimas românticas para o telemóvel, chegava a esperar horas na paragem do autocarro à espera do 113, o que vinha de Paio Pires. E, assim que ela descia, os meus olhos brilhavam. Numa tarde, andava com um amigo à procura de um postal para lhe oferecer. Azar dos azares, acabei por a encontrar na rua. Fiquei tão eufórico que me pus aos saltos na via pública a gritar "É ela! É ela!". Ainda hoje sou gozado. Com tanta merda que fiz... consegui afastá-la. Ficou-me com uma aversão. Recordo-me quando recusou ir ao cinema comigo alegando que "tinha natação".
Quis o destino que nos juntássemos na mesma turma, no 12.º ano. Foi a pior coisa que me fizeram. Como sou todo romântico e daqueles desesperados que sofre imenso, as minhas notas desceram imenso. Não consegui entrar numa faculdade de Lisboa por causa dela. Foi nesta altura que ela conheceu o primeiro namorado, um traste de alcunha "Belém", com um problema de prisão de ventre, como o próprio assumia. Recordo-me de estarmos na viagem de finalistas, em Palma de Maiorca, e de ver a Sandra chorar com saudades dele, enquanto ele copulava furiosamente com uma gaja qualquer durante a ausência dela. A Sandra faltava às aulas de Sociologia para acasalar com o "Belém". Perdeu a virgindade. Ele era tão boa pessoa que contou tudo aos amigos, incluindo o tamanho invulgar da vulva dela.
Fiquei doido quando ela me convidou para irmos juntos ao baile de Finalistas. Ainda por cima na noite do meu aniversário. Eu sabia que era a última escolha, mas que se fodesse. Eu gostava mesmo daquela gaja. Vesti um fatinho todo catita, comprei um ramo de rosas vermelhas e lá fui buscá-la a casa como nos filmes. Ela estava linda, de vestido cinzento, boa todos os dias. O baile foi uma merda. A nossa dança durou dez segundos, os suficientes para pisa-la duas vezes. Aproveitou o ex-namorado para me mostrar como se faz. Não se largaram o resto da noite, enquanto eu não tinha outra solução que não fosse beber. Às cinco da manhã, a Sandra saiu com ele e nem de despediu de mim. Cabra.
A última vez que vi a Sandra foi há coisa de dois anos, num centro comercial. Continuava morena, gira e de sorriso fácil. Estudava Direito. Namorava com um professor de natação. Resumindo e concluindo, o meu primeiro amor foi por uma gaja arrogante, estúpida como a merda, com a mania que era boa e com notas péssimas a Psicologia. Mas com uma vulva grande, a acreditar nas palavras do "Belém". Realmente, bem notei uma protuberância na zona pélvica do biquíni dela, durante uma ida à praia, em Maiorca. Que pena não ter visto mais detalhadamente. Talvez, um dia, a Sandra reapareça. Como um grande amor do passado. E com uma vulva exagerada.

domingo, 6 de janeiro de 2008

Ídolos

Todos nós temos os nossos ídolos. Personalidade que admiramos e vemos como exemplo. O meu é o Predador.
O "Predador" é, de longe, o melhor filme de todos os tempos. É a criatura mais espectacular alguma vez criada no cinema. Mas, para mim, é muito mais do que isso. Acredito que o Predador existe mesmo. Eu, se não fosse quem sou, era o Predador.
Adorava andar por ai camuflado com todas aquelas armas catitas que ele tem. Fazia uma lista interminável de alvos e despachava-os com arrogância. Metade do Mundo ia a andar.
No outro dia, vi um documentário qualquer sobre vida extraterrestre. Segundo algumas teorias, começámos a ser visitados por seres do outro Mundo há milhões de anos. As pinturas dos Maias, Incas e Aztecas têm figuras estranhas e naves a vir do espaço. Não duvidem: é o Predador.
Sinceramente, gosto de pensar como é o Predador. Certamente ouve metal. Aposto que gosta de Napalm Death e Pantera. O Predador matava o David Fonseca. De certeza absoluta.
É criatura de filmes de acção e sitcoms. O Predador não gosta de dramas. Ele causa-os. O Predador deve gostar de cerveja. Não bebe chá. Mas não descura um bom copo de leite quando está triste. O Predador gosta de carne, mas não vai aos rodízios brasileiros. É assassino, mas tem bom gosto. Tenho a certeza que não é de esquerda. O Predador não gosta de comunistas. Ninguém gosta.

Está quieto

Hoje foi um dia difícil. Após mais de um ano adormecido, senti a minha sexualidade a voltar. Foi um dos dias mais rebarbados da minha vida. Acho que nunca olhei para tanta mulher como hoje. Até as mecânicas do Dakar me pareceram sensuais.
Durante a tarde, tive de ir à Praça da Figueira comprar um bolo rei. Minha nossa, tanta gaja na rua. Todas com frio. E eu a arder... À medida que andava na praça do Rossio, dei comigo à porta do animatógrafo. O "peep show" para os amigos, onde por uma moeda se pode ver uma mulher a acariciar-se só para nós. Tinha 17 anos quando fui pela primeira vez ao animatógrafo. Andava no 12.º ano. De todos os rapazes da turma, fui o que ficou mais tempo na cabine. Gastei o dinheiro todo numa espanhola loira de nome Sandra. Era podre de boa. Como só estava eu e um velho na cabine da frente, a Sandra achou-me piada e resolveu mostrar-me toda a sua feminilidade, orifícios incluídos. Foi a primeira vez na vida que vi um órgão genital feminino à minha frente. Sai eufórico do "peep show" e tive de pedir dinheiro emprestado para apanhar o barco. Fiquei com fama de rebarbado depois dessa tarde.
Hoje, lembrei-me desse dia enquanto estava à porta. Ao lado, agora, mora uma clínica dentária. Cá fora, uma mulher fumava. Olhei para ela e pensei: "Serás dentista ou enfias a broca noutro sítio?". Ainda meti a mão ao bolso para ver os trocos que tinha. Foi uma decisão difícil. O bolo rei da minha mãe ou as gajas. A fava ou o brinde. Naquele momento, apareceu-me a minha consciência e disse-me: "Está quieto". Assim foi. Escolhi o bolo rei. Sou um coninhas.
Hoje, já reconsiderei. Vou lá na segunda-feira.

Corroios-Dakar

Peço desculpa aos três leitores do blog pela ausência de textos novos. É que andei dedicado ao Lisboa-Dakar nos últimos dias. Não fosse o Bin Laden e, a esta hora, estaria em Portimão a descansar, após a primeira etapa e consequente lama. Mas não. A prova foi cancelada e logo no meu ano de estreia. É azar.
Estou cansado. Trabalhei de caraças nestes dias. Manhãs, tardes e noites. Sempre no Dakar e com um coordenador no Porto sem saber o que fazer. Se dependesse dos meus chefes para tudo, mal me tinha safado.
Adoro ver toda a gente a culpar o terrorismo pelo cancelamento da prova. Ameaças terroristas existem em toda a parte. Basta sair de casa. A 30.ª edição do Lisboa-Dakar não saiu de Belém por que o Governo francês não quis e as seguradoras se cortaram todas.
Foi pena. Por momentos, senti alguma pena dos pilotos e mecânicos por todo o esforço em vão. Mas não consigo ter pena dos prejuízos. O Dakar é uma prova para gente rica e mesmo aqueles que não têm equipa, não se podem considerar pobres. Afinal, não é qualquer pessoa que investe quase 200 mil euros numa aventura, mesmo que o dinheiro seja dos patrocinadores.
Não percebo muito bem a aventura do deserto. Os carros estão todos equipados com tecnologias de ponta e nunca falta a comida nos bivouacs. Atravessem África num Renault 5. Isso sim era uma aventura.
Em relação aos prejuízos, o Governo investiu três milhões de euros nesta brincadeira. Parece que não há reembolso possível, embora os autarcas andem por aí a gritar. Tendo em conta que foram dinheiros públicos, eu também quero o reembolso da minha parte. Seja lá quanto for.

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

2008

Tive uma bela passagem de ano. E tudo á última da hora. Talvez tenha sido tão agradável por causa disso. Após um belo jantar com um grupo de amigos, fomos até ao Castelo de Palmela. Evitei aquele local durante um ano e meio. Na altura, namorava e gastei um balúrdio numa noite romântica. Passado.
Ontem, quis o destino que começasse o novo ano naquele local. A vista é magnífica e foi abrilhantada pelo fogo de artifício e, sobretudo, pela companhia. Adorei. Foi uma forma de exorcizar fantasmas e, finalmente, apagar um par de números do meu telemóvel.
Mas, mais do que o local, o que contou mesmo foi o primeiro abraço de 2008. No fundo, não havia pessoa mais indicada.
E pronto, já começou o ano de 2008. Vamos a isso.